Vivendo o luto...

Tudo começa, na maioria das vezes, com um telefonema avisando que a pessoa querida está hospitalizada. No início, a gente acha que é apenas mais um procedimento, que as coisas voltarão ao normal. O tempo passa, a situação fica pior, mas você quer acreditar que tudo ficará bem e, então, de forma surreal, te falam que a pessoa se foi...

A seguir, a sequência de atos: é preciso fazer o funeral e o sepultamento, mas é uma dor tão intensa, que você sente como se o corpo estivesse agindo de forma independente de sua consciência!

Com uma tristeza profunda, inicia-se o tempo de luto. No dia seguinte, ao levantar-se, abre a janela e observa as pessoas caminhando, carros correndo pela rua, gente indo para o trabalho e a escola, rotina normal como sempre. Mas, dentro de você, existe um vazio, uma sensação de que as coisas estão erradas...

Sempre vem alguém lhe dizer que “com o tempo, tudo passa”. E você fica esperando... Tenta seguir o cotidiano e, de repente, lembra de ligar para conversar com ela: Que susto! E agora? Em outro momento, está trabalhando e aparece uma foto no monitor com a gente sorrindo em um dia feliz. E agora?

O jeito é ir descobrindo como acomodar esta dor, procurar um cantinho dentro do coração para colocá-la! É fundamental aprender que nada será como antes, torna-se essencial adaptar-se. Bem, nisto, o tempo ajuda, de alguma forma acalmará nosso perturbado ser...

Já vivi algumas perdas e seus lutos, todas muito doloridas, jamais esqueci das pessoas que se foram, apena superei e, entre lágrimas, fui me transformando...

Cada ente querido ficará presente dentro de mim, fazem parte de minha essência, junto com a saudade que acomodei naquele cantinho especial e as lembranças dos dias vividos, embrulhados no papel do amor!

Todas as recordações do tempo passado permanecerão comigo. Dias virão em que a saudade retornará e sentirei uma angústia forte, mas é preciso sobreviver.

Tenho pensado em como a morte nos rouba oportunidades: de abraçar novamente, de pedir desculpas, de falar coisas importantes, de dar risadas juntos... Porém, ela também nos alerta que não podemos perder a chance de viver o presente, de realmente ficar perto daqueles que estão ao nosso lado!

Assim, a vida vai passando para nós também... Estou aprendendo que a fé é esperança: no futuro, no amor que permanece com as lembranças do que foi compartilhado, nos perdoando pelo que não conseguimos dividir com o outro.

Resolvi escrever este texto porque me ajuda a organizar meus sentimentos. Quando exponho as emoções, fica mais fácil superar!

Cada um tem sua maneira de sofrer, de enfrentar as dores e de compreender tanto a vida quanto a morte. A verdade é diferente para cada ser, nada é absoluto!

Vivo estes dias de luto refletindo e orando. Peço ao Senhor que me ensine a aceitar, mesmo que muitas vezes não consiga entender!