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Armários vazios

  • Sezimária Saramago
  • 30 de nov. de 2015
  • 2 min de leitura

Parecia tão longe, uma etapa esperada por anos, mas de repente chegou o momento de esvaziar os armários, limpar as gavetas, desocupar a sala... Dar espaço para que outro comece uma carreira, deixar minha vida fluir...


Ai que susto: a idade se acumula devagar, não faz barulho, a gente nem sente. Bem... até que aparecem algumas hérnias e outras dores...

Após algumas dezenas de anos, aposentar, é hora de faxinar os armários, tirar a poeira da vida, afinal como dizem é preciso ser leve!

Organizar, catalogar, desfazer... Pilhas de papel, tantos livros, CDs, documentos e fotos... Mas é possível colocar tudo em algumas caixas de papelão, como? Constato que o que fica não são coisas, são ideias, conhecimentos, amizades...


Separo o essencial, traços de uma vida que preciso reter, pois a memória poderá falhar. Torna-se urgente reter os anos em lembranças, construir um memorial para o depois!

Nestes momentos fica impossível não recordar, avaliar as escolhas bem ou mal feitas, ponderar a necessidade de tantas renúncias, lembrar-se dos amigos que permanecem e daqueles que ficaram em alguma esquina da vida!


Enfim é preciso faxinar os armários e alvejar a alma... Estes são momentos em que nos é permitido parar, cuidar para que não se perca a essência, guardar o que realmente tem valor!


Confirmar o curso natural das coisas, outros chegam, você passa, aos poucos ninguém se lembra... Mas fica a certeza de ter contribuído, de ter feito diferença na vida de alguém! Aceitar a correnteza... sem sofrer, almejar outros oceanos para alcançar...


Tenho tantas ondas para surfar, areias para caminhar, castelos para construir... Tenho o direito de nada fazer, apenas olhar o outro correr!

Agora sou dona de minhas horas, posso bordar a vida com as linhas e cores que desejar, desmanchar alguns pontos errados e com suavidade pintar arco-íris na tela do meu viver!

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